Resenha – Haiti, Depois do Inferno (Rodrigo Alvarez)
Hi, guys!
Durante a quarentena estou inclinada a fazer alguns posts focados em resenhas que estavam perdidas no Skoob e, bom, vamos ver o que rola, não é mesmo?
O primeiro livro será uma obra que li a uns anos atrás, um pouco antes de entrar na faculdade, mas sempre me emociono quando a olho na estante: Haiti, Depois do Inferno, de Rodrigo Alvarez.
“E assim não me restava dúvida de que as regras que nós inventamos para tornar a nossa existência possível de nada servem em uma tragédia.”
Haiti, parte da ilha caribenha, conta com aproximadamente 10,32 milhões de habitantes e, segundo A Cruz Vermelha Internacional, sete em cada dez vivem com menos de dois dólares por dia.
O país também possui uma política conturbada que, em 200 anos de história, rendeu 32 golpes de estado. Por outro lado, foi o único da América que conseguiu ter uma revolução de escravos bem-sucedida.
Rodrigo Alvarez, correspondente da Globo no Estados Unidos, narra toda a operação realizada no Haiti após o terremoto que assolou o país 2010, atenuando a missão dos bombeiros, militares e da própria imprensa.
Com uma grande carga jornalística, “Haiti depois do inferno” não nos traz apenas fatos brutos e frios, mas também momentos vivenciados por olhos humanos acerca de humanos, relata toda a situação sócio-política-econômica de um país cuja linha do tempo é marcada por desgraças, desolações e opressões.
Apesar da magnitude informativa do livro, o desprezo pelos militares e bombeiros americanos é visível, descritos indiretamente pelo autor como potência mundial e, mais do que isso, o velho e bom marketing norte americano.
“(…) Pensava que só com bons amigos, com um projeto de reconstrução feito por economistas sérios e implementado sem interferências externas, o Haiti poderia deixar de ser o lugar onde tudo falta para ser finalmente o cenário de novo experimento divino”.
“De volta a Nova York (…) era difícil entender como o mundo pode ter desabado a três, quatro horas dali (…) e ninguém parece minimamente tocado por aquilo”.
Infelizmente, Rodrigo Alvarez tinha razão “(…) não dava para achar normal que tudo o que o mundo pudesse fazer por esse lugar esquecido fosse tomar seu café saboroso e voltar a esquecê-lo”.
Segundo uma matéria da Revista Exame, em 2015, mesmo após cinco anos da tragédia, pessoas ainda viviam em tendas erguidas pela ONU e o acesso ao serviço básico (como saneamento, água encanada, educação e saúde) continuava precário.
É um livro contundente e bastante emocionante. Relata nuances sobre uma das principais tragédias humanitárias do começo do século que afetou brutalmente o país “mais miserável das Américas”.
Você já leu? Conte para nós o que achou!